foto Lorena Lira
O livro Toda Colheita, de Itárcio Ferreira, reúne a obra poética do autor
pernambucano, produzida de 1983 até 2015. Autor moderno de filiação
drummondiana e com influência bandeiriana (Aos mestres com carinho,
Autorretrato, Abro-me ao mundo ... ), o poeta de Carpina-Pe ostenta uma infinda
porção romântica. Essa porção pode ser configurada em temas e musas como a
morte, a dor, a perda, o medo, e os amores infindos que movem os seus versos
brancos e livres repletos de vigor estético e mini roteiros afetivos e biográficos.
A modernidade romântica do autor
pode ser também mensurada em sua dicção cética. Dicção de timbres
ideológicos e revolucionários que resgatam o olhar do poeta maldito, sujeito deslocado
na sociedade e no tempo. Nesse resgate, ele cultua as derivas de Dionísio, o
vinho, a música e as mulheres, como podemos aferir em poemas como Cesta de Maçãs: "Fumo e bebo em busca do êxtase".
No poema Onde mora o amor?, o
autor dá pistas da sua formação existencial e cultural: "Pirei/
Misturei filosofia com cachaça,/
história com maconha,/ crenças com poesia." Essa mistura de informações e vivências possibilita a
construção de uma poética, cujo vigor pode ser aferido nos produtivos intertextos com a tradição
literária. Esse
vigor pode ser lido também no empenho de estetização Do poeta e sua
função, como lemos no livro Apocalipse e outros poemas: "...alimenta com sua poesia/ a fome
de justiça/ e do prazer estético. "
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