e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

 
foto Lorena Lira
 
 
 

O livro Toda Colheita, de Itárcio Ferreira, reúne a obra poética do autor pernambucano, produzida de 1983 até 2015. Autor moderno de filiação drummondiana e com influência bandeiriana (Aos mestres com carinho, Autorretrato, Abro-me ao mundo ... ), o poeta de Carpina-Pe ostenta uma infinda porção romântica. Essa porção pode ser configurada em temas e musas como a morte, a dor, a perda, o medo, e os amores infindos que movem os seus versos brancos e livres repletos de vigor estético e mini roteiros afetivos e biográficos.
A modernidade romântica do autor pode ser também mensurada em sua dicção cética. Dicção de timbres ideológicos e revolucionários que resgatam o olhar do poeta maldito, sujeito deslocado na sociedade e no tempo. Nesse resgate, ele cultua as derivas de Dionísio, o vinho, a música e as mulheres, como podemos aferir em poemas como Cesta de Maçãs: "Fumo e bebo em busca do êxtase".
No poema Onde mora o amor?, o autor dá pistas da sua formação existencial e cultural: "Pirei/ Misturei filosofia com cachaça,/ história com maconha,/ crenças com poesia." Essa  mistura de informações e vivências possibilita a construção de uma poética, cujo vigor pode ser aferido  nos produtivos intertextos com a tradição literária.  Esse vigor pode ser lido também no empenho de estetização Do poeta e sua função, como lemos no livro Apocalipse e outros poemas: "...alimenta com sua poesia/ a fome de justiça/ e do prazer estético. "
 
 
 
 
 
 
 

 

 

 

 


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